“Japão?!
Caríssimo!”
“Sério?!
Vocês vão ao Japão? Mas a viagem não era para ser econômica?!”
“Com
o dinheiro da viajem ao Japão, eu iria para a Europa...”
Uma
dessas, ou algo próximo a isso que qualquer um pensa quando se fala em viajar a
Japão, certo? Pois é... Não podia ser mais errado... E o que fizemos por aqui
acabou por comprovar que a imagem que tínhamos, nada mais é que uma dessas
lendas que habitam o mundo dos viajantes.
O
Japão está longe de ser caro. Na verdade, é bem mais barato do que muitos dos
destinos mais populares da Europa. Os custos de se viajar pelo Japão, acredito
que sejam próximos dos custos das capitais mais baratas da Europa ocidental,
como Portugal e Grécia. O caro do Japão é a passagem de avião e as passagens de
trens entre as cidades. Caso se consiga resolver estes dois itens, a viagem vai
sim caber no bolso. No nosso caso, a passagem de avião estava incluída na nossa
passagem de volta ao mundo pela OneWorld (sem impacto no preço final, uma vez
que este é definido segundo critérios que se baseiam apenas e unicamente no número
de paradas e nos continentes visitados), e para as passagens de trens,
compramos o já famoso, e sempre citado nos sites e blogs que tratam do assunto,
JR Pass para 7 dias (semelhante aos passes existentes na Europa, e ao custo de US$
283,00 cada).
Nossa
previsão de gastos era de US$ 135,00/ dia, no entanto acabamos gastando apenas
US$ 103,12/ dia. Tudo isso passando por menos perrengue e fazendo menos
couchsurfing do que gostaríamos e menos do que fizemos na Austrália. Seguimos o
pessoal local (escolhíamos os locais pelo tamanho da fila, ou pela quantidade
de gente dentro do restaurante. Quanto mais gente, geralmente é mais barato), e experimentamos
de tudo o que podíamos comer - principalmente essas coisas “flitas” de barraquinha
de rua, que nós adoramos - nos demos ao luxo de ficar uma noite em um Ryokan,
cujo preço era bem acima da nossa expectativa média de gastos com hospedagem, e
ao utilizar serviços do airbnb, que é um meio termo entre os serviços de hostel
e hotel propriamente dito, não precisamos ficar em hostels, dividindo o quarto
com estranhos. Em resumo, tivemos uma estadia de reis para um padrão
backpacker.
No
gráfico abaixo, é possível ver com o que gastamos nossos sagrados ienes (Iene,
você não vale nada mas eu gosto de você):
Enquanto
na Austrália, o transporte acabou sendo o item que mais pesou no orçamento,
aqui no Japão acabou por ser a hospedagem o maior “vilão”, representando pouco
mais que 36% do orçamento. Vilão entre aspas por que esse é um dado apenas percentual,
e como dito acima, devido aos custos menores que o esperado, nos demos o
direito a alguns luxos (repare que para a nossa viajem ter um quarto só para
nós pode ser considerado luxo às vezes). Em segundo lugar, foi a alimentação
com quase 33% do orçamento. E não é por menos, pois comemos de tudo mesmo –
comemos até sushi por 2 vezes, que contrário ao que alguns possam imaginar,
também é bem carinho por estes lados. Enquanto na Austrália, nós mesmos
cozinhávamos, e via de regra almoçávamos um sanduiche “home made”, aqui no
Japão só cozinhamos uma vez, e foi para fazer uma feijoada para a Saori que nos
hospedou pelo couchsurfing em Tokyo. Nos demais dias, almoçamos e jantamos
sempre em restaurantes (sim! Restaurantes 2 vezes ao dia!!!!) e sempre tomávamos
um cafezinho nos inúmeros 7-eleven que existem por aqui. Nos sentimos como se
estivéssemos esbanjando, e rolava até um sentimento de culpa de vez em quando.
Os
custos de transporte, responsáveis por pouco mais que 16% dos gastos, não
incluem os custos com o JR Pass, pois como não fizemos (ainda) uma planilha de
apropriação de gastos por país, este custo, dentro do nosso fluxo de caixa está
entre as despesas que fizemos antes de embarcar. Em uma simulação incluindo o
JR Pass, feita no papel de padaria (sim o Manu é especialista em conta de
padaria...) o item transporte passaria a representar aproximadamente 37% dos
custos.
Aí
você pergunta: Mas QUANTO?! Esse tanto de porcentagem se refere a quanto
dinheiro?! Calma... Não estamos aqui para esconder nada de você. No gráfico
abaixo você pode ver a comparação entre as linhas de gastos acumulados, em
vermelho e realizados, em azul.
Nossos números (previsto vs. realizado)
Nossa
previsão era de gastar US$ 2.160,00 no total dos 16 dias por aqui, mas conforme
dito no início, conseguimos uma boa margem em relação a esta previsão, com um
gasto total de US$ 1.628,16!!!! O nos dá uma economia de 24,62% . Vale lembrar
que o gráfico representa um recorte do gráfico geral da viagem, por isso, este
se inicia com gastos já realizados de US$ 20.000,00, que foi o que já gastamos
durante os preparativos da viagem e na Austrália (único país visitado antes do
Japão).
A
nossa margem entre o previsto e o realizado, referente à viagem como um todo
refletiu essa economia ainda maior do que a realizada anteriormente, apresentando
um aumento da taxa percentual próxima a 1,30%. Veja abaixo, que a linha
representativa dessa margem sofreu algumas variações que podem ser explicadas
pelo próximo gráfico, que representa os nossos gastos diários, frente à média
diária prevista.
E a nossa folga no orçamento continua a crescer
Acompanhamento diário das nossas despesas
No
início de nossos dias no Japão, nossa margem global entre o previsto e o
realizado estava em 10,24%, e após o Japão, essa margem já é de 11,50%
referente ao previsto inicialmente. Há quem diga que se continuarmos assim,
vamos terminar a viagem com lucro...
Nossos
próximos passos já não devem apresentar variações tão bruscas nos gráficos,
pois passaremos os próximos 4 a 5 meses em países notadamente mais baratos. Acreditamos
que por mais que economizemos nesses países, o fato de os valores serem
menores, quando confrontados com o budget geral da viagem, os seus impactos não
serão tão sentidos. O que queremos dizer é que até então, com os gastos de
Austrália e Japão, estávamos lidando com itens “A” da nossa curva ABC, e que
nos próximos meses, passaremos a lidar com os itens “C dessa mesma curva. No
meio do caminho teremos exceções, como Cingapura, Kuala Lumpur e Hong Kong, mas
mesmo assim, nosso planejamento considera estadias curtas nesses locais
exatamente em função dos alto custos.
Esperemos
para ver como as contas se comportarão daqui em diante. Que os ventos soprem,
mas que soprem para longe do nosso bolso!
Um comentário:
Vou contratá-los pra organizar uma pra mim...
Parabéns ao casal pela organização financeira!!
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