Não tivemos uma chegada triunfal em Luang Prabang, mas nós
também não guardamos ressentimentos e não deixamos coisas desse tipo (monopólio
de tuk-tuk, por exemplo) estragarem nosso dia. Mas fizemos uma reclamação no
centro de informações turísticas. Não foi bem uma reclamação, contestamos o
fato dos barcos pararem longe do centro e falamos que isso não é bom para o turismo
(principalmente, para os turistas “low-budget” como nós). O que nos incomoda
muito é sermos explorados, e nos deixarem sem opção. A corrida de tuk-tuk nos
saiu a 40.000 kips / casal (equivalente a US$ 5,00), não é nenhum preço
exorbitante, mas é o equivalente à entrada na cachoeira. O problema não é o
valor, mas sim a situação que nos foi imposta.
Mas página virada e aviso feito, vamos conhecer Luang
Prabang. Nosso hotel não era no centrinho da cidade (quase sempre um bom preço
exige uma caminhada), mas estava a 15 minutos de caminhada, o que para nós é
quase nada! Como sempre dizemos, estar fora do centro nos proporciona olhar mais
de perto a vida local, e esse é o espírito da nossa viagem!
Como o Manu tinha torcido o pé, resolvemos não ir até o
centro e aproveitar os restaurantes locais próximos do hotel. Foi até difícil
escolher um, tamanha a variedade. A comida não mudava muito: noodle soup ou
churrasquinho (o Laos é o país do churrasquinho, e da noodle soup também!),
escolhemos um e pedimos nossa sopa e uma beerLao. Mesmo com a dificuldade da
língua, o atendimento foi ótimo e a simpatia reina. Sorrisos valem mais que
palavras!
No dia seguinte, fomos explorar a cidade. No primeiro dia,
gostamos de fazer o reconhecimento do terreno, entender como a cidade funciona,
ver o que ela tem para oferecer. E em uma manhã de caminhada conseguimos
passear pela cidade toda! Surpreendentemente, a cidade tem uma boa
infra-estutura: bons hotéis, restaurantes e cafés super charmosos. Opções para
todo gosto e todo bolso também (principalmente para bolsos mais cheios!). Aqui
também você pode escolher entre uma infinidade de passeios: caiaques, passeios
de barco, passeios com elefantes, visitas às cachoeiras, trekkings, etc. Nós
escolhemos uma das cachoeiras para visitar no dia seguinte.
Todas as noites acontece o Night Market, bem no centro de
Luang Prabang. Eles fecham uma das ruas principais, e montam as barraquinhas. O
conteúdo é basicamente artesanato e comidinhas! As peças de artesanato são
muito bonitas, as cores e desenhos chamam a atenção. Roupas, lenços,
luminárias, artigos de decoração estão entre os principais itens vendidos nas
barraquinhas. Como nossas compras se resumem a ímãs de geladeira e bonequinhas
para nossa sobrinha, apenas olhamos o resto e comentamos que numa próxima vinda
levaremos isso ou aquilo! É interessante observar as crenças dos povos, aqui
eles “benzem” a mercadoria com o dinheiro recebido na primeira venda. Eles
passam o dinheiro nas outras mercadorias para trazer boa sorte e boas vendas!
No Night Market descobrimos o melhor custo-benefício em alimentação de toda a
viagem (pelo menos até o presente momento): tudo o que você conseguir colocar
em um prato por 10.000 kips (mais ou menos US$ 1,20, ou US$1,38 pela nossa
cotação). O melhor esquema “serv-serv”, com uma boa variedade. Carnes não
estavam incluídas no preço, mas quem precisa de carne quando se pode fazer um
prato com arroz, macarrão, tofu, vegetais e coisas fritas!
No dia seguinte, resolvemos chegar cedo na praça principal
para barganhar um tuk-tuk até a cachoeira. Nós lemos essa dica no Trip Advisor
e fazemos questão de compartilha-la: tente chegar no máximo às 11:00 da manhã
nas cachoeiras! Elas ficam muito cheias e quanto mais cedo você chegar, menos
terá que dividir sua foto com um monte de chineses fazendo selfies! Nós
dividimos um tuk-tuk com duas famílias de franceses (com crianças! Gente, é
muito possível viajar com crianças pequenas) e mais um coreano. Chegamos na
cachoeira por volta de 10:30 e pudemos disfrutar de algumas horas de
contemplação sem o "boom" turístico. As cachoeiras são lindas! A água é azul
turquesa. São vários níveis que vão formando piscinas e quedas. Fomos
caminhando até o último nível! A subida é puxada (vá pelo caminho da esquerda!)
mas a vista lá de cima é muito linda. Quando fomos descer, encontramos com os
franceses e suas crianças subindo. Os pequenos (menores de 2 anos) nas costas e
os maiores acompanhando os pais (anotação mental: num futuro não tão distante,
queremos ser assim!). Quando chegamos embaixo parecia que tinham nos
teletransportado para outro lugar (mais precisamente para o piscinão de Ramos!)! As lindas piscinas azul turquesa, agora
estavam lotadas de gente pulando, gritando, fazendo selfies. Ainda bem que
chegamos mais cedo! Mas ainda não tínhamos entrado na água, então nos juntamos
ao grupo para um banho de cachoeira. Água gelada, mas revigorante!
No nosso último dia, acordamos bem cedinho, às 5:00 da manhã, para ver a ronda dos monges. Assim como na Tailândia, os monges saem de manhã cedinho para receber as doações de alimentos. Quando saímos do nosso hotel ainda estava escuro, e por todo caminho vimos pessoas nas portas de suas casas/ estabelecimentos comerciais, ajoelhadas esperando os monges passarem. É muito lindo ver a doação, saber que aquelas pessoas preparam os alimentos com muito carinho e que mesmo tendo pouco, fazem questão de doar. Os monges passam, abrem suas tigelas e as pessoas colocam os alimentos lá dentro. Elas fazem orações e se sentem abençoadas! Caminhamos até o centro observando as pessoas e os monges. No centro a coisa se torna um pouco mais turística. Muitos turistas, como nós, também acordam cedo para ver. Você pode comprar o seu "kit de doação" e entrar na fila para entregar aos monges. Tem um monte de barraquinhas que ficam vendendo os "kits". Nós achamos isso um pouco sem sentido. Afinal, a doação deve ser de algo que tenha valor para você. Não estamos condenando, ou criticando quem compra os "kits"apenas questionando o real sentido do ato. Devemos lembrar que é um ato sério, e não uma atração que você simplesmente marca um "check". Se for doar, faça de coração, pense no ato e acredite no que está fazendo. Pelo menos, essa é nossa opinião.
Depois de acompanhar a ronda, voltamos para nosso hotel e aproveitamos o tempo disponível até o horário do check-out para organizar as "cenas dos próximos capítulos" da viagem. Finalizadas as tarefas, deixamos as mochilas no hotel e fomos procurar um café enquanto esperávamos horário do ônibus. Sentamos num restaurante na beira do rio, desses que jamais iríamos (por causa do preço, claro!) e descobrimos que a cerveja era o mesmo preço do supermercado e mais barata que o café. Então, desce uma beerLao! E ali passamos nossa tarde, tomando uma (ou 3) cervejinha(s), apreciando o rio... Uma ótima maneira de se despedir de Luang Prabang! Antes de pegar o busão, ainda paramos para jantar no nosso buffet predileto e encontramos por acaso nosso amigo italiano (que cruzou a fronteiro da Tailândia para o Laos com a gente). Coincidências da viagem!
Luang Prabang se mostrou muito mais do que os inescrupulosos donos de tuk-tuk. Não tivemos o começo ideal, mas definitivamente nossa passagem por aqui foi muito agradável!
Nossa ronda pela cidade, começando pelo Morning Market
Hum... Delícia
Alguém quer um frango aí?
Pelas simpáticas ruas de Luang Prabang
Na beira do rio
Sorvete com arroz (o verde escuro é
arroz), uma delícia!
Lao coffee, o branquinho é leite
condensado!
Night Market
Tudo que couber no prato por US$ 1,20?!
Na cachoeira
Tuk-tuk com os franceses!
Aha! Olha quem veio pra cachu!
Ronda dos monges
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