21 de junho de 2016

6 meses depois...

6 meses se passaram desde que voltamos a pisar em terras brasileiras. Para ser bem precisa, 6 meses e 6 dias. Foram 6 meses em que muita coisa aconteceu: mudamos de cidade, começamos novos trabalhos, vivemos 2 meses sem pias no nosso apartamento, voltamos a ter rotina, passamos por calor e agora recebemos o inverno. E mesmo passados 6 meses não há um dia sequer em que não pensamos na viagem ou não planejamos as próximas. Isso não quer dizer que estamos infelizes com nossa nova vida, pelo contrário, estamos muito felizes. Gostamos da nossa nova cidade, nossa nova casa, mas viajar por um longo período muda a vida para sempre. E é praticamente impossível não pensar nisso diariamente. Quando viajamos por um longo período deixamos de ser turistas e passamos a ser viajantes. E viajantes podem até possuir raízes, mas elas são aéreas.
A volta não é fácil, mas você logo se adapta (é impressionante como nós somos seres adaptáveis), logo volta a trabalhar, logo entra na rotina. Você acorda cedo, prepara seu café, vai para o trabalho, ou trabalha de casa, vai na academia, vê os amigos, a família, mas sente que algo está diferente, que algo mudou. Mesmo que a rotina tenha mudado, ela ainda é uma rotina, então, o que na verdade mudou foi você.
Muitas vezes essas mudanças são sutis, mas elas estão ali. No nosso caso, adquirimos hábitos que antes nem passavam pela nossa cabeça, como limpar a própria casa e tirar os sapatos na entrada. Desde que voltamos de viagem somos nós que fazemos a faxina de casa, e para sermos justos um com o outro, cada semana um é o responsável pelos banheiros. Como uma coisa puxa a outra, tirar os sapatos na entrada de casa faz todo o sentido. Afinal, porque vamos carregar um monte de sujeira para dentro da casa que acabamos de limpar?! Da mesma maneira, não se justifica morar em uma casa grande que nos dará um trabalhão para limpar. Estamos bem felizes com nosso apartamento pequeno suficiente para nossa necessidade e prático.
Ainda seguindo a mesma linha de raciocínio, ter muitas coisas não faz mais sentido (não sei se algum dia fez). Se temos muito precisamos de mais espaço, e mais espaço significa mais trabalho para limpar. Isso não quer dizer que não consumimos nada, nós compramos o que precisamos, às vezes uma coisinha a mais aqui e outra ali, mas sempre procuramos pensar no nosso consumo. E parar para pensar é um hábito que adquirimos ao carregar nossas coisas nas costas. Cada compra tinha que ser muito bem pensada, pois além do peso, a mochila tinha um espaço limitado. Hoje nosso espaço é maior que o da mochila, mas ainda assim é limitado. Viver com menos coisas é sinônimo de viver com menos trabalho (isso não é uma verdade absoluta para todos, mas é algo que acreditamos).
Uma outra coisa que mudou foi que nossa vida ficou mais leve! E percebemos isso nesses 6 meses em que ficamos "parados". Um dia o Manu comentou comigo: "já percebeu como os amigos que fizemos durante a viagem são leves. Sempre postam coisas divertidas no face, encaram a vida com mais tranquilidade". Até então eu não tinha parado para pensar nisso, mas é a mais pura verdade. Talvez viajantes são mais leves porque não carregam tantas coisas, não levam a sujeira para dentro de casa, não se apegam ao "ter". Viajantes possuem raízes aéreas e nesses 6 meses tivemos a certeza de que se tem uma coisa que não queremos é parar de viajar!
É... 6 meses que retornamos e mal podemos esperar para os próximos 6 meses de viagem...