31 de outubro de 2014

Tokyo: o caos organizado

Pode parecer muito engraçado, mas Tokyo é uma metrópole silenciosa. Das metrópoles que já visitamos, sem dúvida nenhuma Tokyo é a mais silenciosa e organizada de todas! O nível de ruído aqui é baixo (considerando uma cidade grande) e mesmo no meio do caos você é capaz de ter momentos de silêncio. É engraçado, mas andando na rua muitas vezes você consegue ouvir os passos das pessoas. Para se ter uma ideia, nós vimos um medidor de decibéis no tapume de uma obra! Isso sem contar com os trens e metrôs. Mesmo lotados, os celulares ficam no modo silencioso, as pessoas com fone de ouvido escutam música super baixo (não dá pra escutar o som do coleguinha do lado, ufa!) e quando você vê pessoas conversando elas falam baixo. A impressão que se tem é que os japoneses podem ficar o dia inteiro sem trocar nenhuma palavra, indo e vindo compenetrados e em silêncio. Além disso, a limpeza das ruas é algo de chamar a atenção. Parece que passaram aspirador de pó nas ruas e calçadas, dá pra contar nos dedos quando você encontra uma bituca de cigarro, num dia contabilizamos 2 bitucas (fumantes que me desculpem, mas vocês precisam aprender que bituca é lixo e não pode ser jogada na rua!). Você deve estar imaginando que existem lixeiras espalhadas pela cidade, certo? A resposta é não! Não existem lixeiras nas ruas, cada um é responsável pelo lixo que produz e você tem que carregar o seu. Em alguns lugares específicos, como lojas de conveniência, você até encontra, mas pertence à loja e é para descarte de produtos que você comprou lá. Quando você se depara com uma lixeira também não é muito fácil descartar o lixo nos locais corretos (sempre fica uma dúvida). As lixeiras, em geral, são distribuídas entre: garrafas de plástico, latinhas, combustíveis e não combustíveis (pode parecer que não, mas é meio difícil dizer o que é e o que não é combustível, a gente ainda tem dúvidas quanto a esse critério!). Agora impressionante mesmo é a quantidade de embalagem que os produtos têm. É algo chocante! Você praticamente compra amendoins embalados um a um. Pelo menos as embalagens  não vão parar nem nas ruas e nem nos rios (ainda não sabemos para onde elas vão). Tokyo também tem a parte do caos, típico das grandes cidades, mas é um caos organizado! Os bairros mais centrais são cheios de gente, cheios daqueles luminosos (exatamente como imaginamos que a cidade seja), cheios de música, restaurantes, turistas... Simplesmente cheios! É muito impressionante andar pelo meio de todas essas coisas, é muita informação ao mesmo tempo! Tokyo é uma cidade de dia e outra completamente diferente e colorida à noite! Nós andamos muito pela cidade, muito mesmo. Nos hospedamos em muitos bairros diferentes, desde mais centrais até subúrbios. E por mais que tenha sido um pouco cansativo mudar tantas vezes de lugar, foi bom porque tivemos a oportunidade de ver vários locais diferentes. Nos primeiros dias (antes de embarcarmos na nossa viagem de trem) ficamos hospedados num bairro, relativamente próximo à estação central de Tokyo. Fizemos um couchsurfing na casa do Hiroto, um japonês muito gente boa, e já de cara vimos como são os apartamentos minúsculos de Tokyo. O apartamento dele é de um quarto, pra ter uma ideia, é mais ou menos do tamanho de um quarto do Ibis Hotel. Equipado com um mini banheiro, mini cozinha, máquina de lavar roupa (também mini) e uma varandinha (afinal as roupas têm que secar em algum lugar). O couchsurfing é sempre uma experiência legal (pelo menos não tivemos nenhuma ruim), sempre aprendemos um pouco mais sobre os locais e fazemos programas fora do circuito turístico, como visitar a universidade que o Hiroto estudou e comer nos restaurantes dos universitários (que é sinônimo de comida boa e barata). Nos primeiros dias aproveitamos para visitar os bairros mais centrais (e mais famosos). Fomos em Akihabara, o bairro eletrônico e dos mangás (milhares de lojas da SEGA e outras mais para jogar video games); Marunouchi, bairro central onde está localizado o Palácio Imperial; Shinjuku e Shibuya, onde fica o cruzamento famoso de Tokyo, com várias pessoas atravessando a rua. Quase todo o circuito entre os bairros fizemos à pé. Nós gostamos muito de caminhar pela cidade, observar pequenas coisas, ver onde as pessoas vão. Na nossa opinião, caminhando você "sente"mais a cidade, consegue perceber as diferenças entre um bairro e outro, e a transição entre eles. Nessas andanças tivemos boas surpresas, como visitar um templo no meio da cidade, passar pelo estádio de beisebol e ouvir o finalzinho do jogo (infelizmente a bilheteria já estava fechada), passar pelo Estádio Nacional (que será reformado para a Copa do Mundo de Rugby em 2019 e as Olimpíadas em 2020). Descobrimos uns micro barzinhos, num bequinho, onde as pessoas vão para tomar um aperitivo. Aqui, também tentamos fazer free walking tour, mas era só pelos jardins do Palácio Imperial e nós tínhamos acabado de visita-los, então preferimos explorar outros locais que voltar nos jardins. Não é permitido entrar no Palácio Imperial para visita, o acesso é somente aos jardins. Mesmo assim vale a pena e a entrada é gratuita. Em Tokyo, os parques públicos são pagos e a entrada, em geral, custa 300,00 ienes (mais ou menos US$ 3,00). Nós visitamos um, que foi uma indicação do Hiroto, e valeu a pena. Pra variar, os jardins japoneses são muito lindos e bem cuidados. Na volta da nossa viagem de trem, ficamos mais 6 dias por Tokyo e nesse meio tempo dormimos em vários bairros diferentes. Nós tentamos fazer mais couchsurfing, mas conseguimos apenas para duas noites. Ficamos hospedados pelo Airbnb em dois lugares diferentes, um por uma noite e em outro por duas. E no final, ainda nos hospedamos duas noites num hotel capsula (coisas que só no Japão mesmo). Apesar de cansativo, como falamos anteriormente, a parte positiva de passar por vários lugares diferentes é que conhecemos vários bairros e várias Tokyos! Esses últimos dias também aproveitamos para descansar um pouquinho, o ritmo da viagem de trem foi bem puxado e chegamos aqui cansados. Mesmo assim, fizemos 2 dias de bastante turismo. Num deles exploramos Tsujiki, o mercado de peixes, mas como chegamos tarde não vimos tanta coisa. Depois fomos caminhando em direção à Odaiba, na baía de Tokyo. Atravessamos a baía pela Rainbow Bridge, que tem uma vista muito legal da cidade. O bairro é cheio de shoppings, e lá também está a "praia" de Tokyo. É uma área bem interessante, urbanisticamente falando, gostamos de ver a como é a ocupação das ilhas artificiais. No nosso outro dia de turismo, voltamos a Shinjuku para subir no prédio da prefeitura, o Tokyo Metropolitan Governement. Existem 2 observatórios, um na torre norte e outro na sul. O da torre norte funciona até às 23:00 e vale a pena subir lá a noite. Eles ficam no 45o. andar e a vista lá de cima é impressionante! Dá até pra ver o Monte Fuji, mas infelizmente o dia não estava tão limpo e não conseguimos vê-lo. Ah, a entrada é gratuita! Nós subimos na torre sul de manhã e na norte à noite, diríamos até que a noite a vista é mais bonita que de dia. Aproveitamos também o dia para ir até Koreatown e provar a culinária apimentada dos coreanos (e é apimentada mesmo!). Os outros dias variaram entre as mudanças e o descanso! Mesmo sendo apenas por duas noites, nosso segundo couchsurfing também foi muito legal. Ficamos na casa da Saori, que nos recebeu com um jantar delicioso ("flied" noodles!). O bairro dela é mais afastado e aproveitamos a tranquilidade do lugar para descansar. Na segunda noite, nós cozinhamos uma feijoada, com direito a brigadeiro de sobremesa. Ah, sem contar os pães de queijo que compramos e demos para ela experimentar. Faltou farofa, torresmo e couve, mas a feijoada até que ficou gostosa! Depois de tanta comilança fechamos a noite num Karaoke, que sem dúvida é muito divertido e estando aqui no Japão vale a pena ir! Pra finalizar nossa estadia em Tokyo, e no Japão, levantamos de madrugada para ir ver o leilão de Atum no mercado Tsujiki. E foi de madrugada mesmo, às 2:30 o despertador tocou e lá fomos nós. Caminhamos por 40 minutos pelas ruas de Tokyo sem qualquer preocupação (isso é demais!). Chegamos no mercado umas 3:40 e já estava cheio de pessoas. Eles dividem em duas turmas de 60 pessoas cada e por pouco não ficamos pra segunda turma, o que ia ser uma pena porque nosso  horário estava corrido. Uma turma entra às 5:25 e sai às 5:50 e a outra entra às 5:50 e sai às 6:15. O leilão foi mais organizado e mais silencioso que imaginávamos, mas não deixou de ser interessante ver como eles analisam a mercadoria, os gestos e o leilão em sim. Se você vai esperando ver peixes pulando, gente gritando, não é por aí.... Também foi interessante caminhar até o mercado de madrugada, e ver que como toda metrópole Tokyo também não dorme! Depois do leilão voltamos correndo para o hotel, pegamos nossas malas e partimos no metrô rumo ao aeroporto. Ah, uma dica importante sobre o acesso ao aeroporto de Narita é que pode ser feito de duas formas: ou pelo Narita express (que é mais caro e mais rápido) ou de metrô comum (menos da metade do preço). De Narita até Tokyo, pelo Narita Express, tem um desconto de 50% para estrangeiros e a passagem sai a 1500,00 ienes (mais ou menos US$ 15,00), mas o valor norma é 3000,00 ienes. De Tokyo até Narita, pelo Narita Express, não tem desconto, você tem que pagar o valor cheio mesmo. O  Narita Express demora, mais ou menos, 40 minutos. De metrô você vai pagar 1330,00 ienes, e o trem parte da linha Asakuza. Demora mais ou menos 1:30, mas é metade do preço.
E nossos ventos continuam a soprar... Sayonara, Japão!

Full Moon Bridge - Koishikawa Korakuen Garden

Koishikawa Korakuen Garden

Escolhendo o almoço, as comidas da vitrine 
são de cera

Loja da Sega - Akihabara

Tentando se localizar! 

Contagem de decibéis no tapume da obra

Não se esqueça de tirar o sapato para entrar
nas casas japonesas

Mini apartamento (nossas mochilas ocuparam
quase que o apê inteiro!)

Jardins do Palácio Imperial

Jardins do Palácio Imperial (a foto não faz jus ao lugar)

Já estamos na contagem regressiva! Um bom motivo para
voltar em 2019

Shibuya - vamos atravessar a rua?!

Só esperando o farol fechar

Cada pontinha dessas é uma casa de drinks

Surpresas no meio do caminho, o templo que descobrimos
por acaso

Hotel Capsula

Nossa capsula

Tsukiji, mercado de peixes



Contabilizando as vendas do dia

Vista da baía de Tokyo

Rainbow Bridge

Odaiba e a "praia"



Soltando a voz!

O Kiwi stressado no alto da cidade

Um bom motivo para voltar em 2020 (o kiwi tá
até tentando uma pontinha como mascote!)

Vista noturna 

27 de outubro de 2014

Nossa viagem de trem pela terra do sol nascente

Chegamos na terra do sol nascente depois que o sol se pôs! Já de cara percebemos a dificuldade com a língua, assim como no Brasil, não é fácil encontrar alguém que fala inglês. Mas, também assim como no Brasil (na verdade, diríamos até mais) as pessoas são muito solícitas e estão dispostas a ajudar o máximo possível, isso inclui: fazer mímica, desenhos, ou qualquer outra forma de comunicação (depois dessa temporada aqui vamos ficar prós no Imagem & Ação!). Ficamos 3 dias em Tokyo (mas essa parte fica para um próximo post) e no dia 19/10 embarcamos no trem para nossa viagem de 7 dias. Ainda no Brasil nós compramos um passe de trem, o Japan Rail Pass, válido por 7 dias. Apesar de ser caro, o Japan Rail Pass (ou JR Pass) ainda é a maneira mais barata de viajar (ou a mais vantajosa). O JR Pass é um passe de trem para turistas e deve ser comprado fora do Japão. Existem 3 tipos: para 7 dias, para 14 e para 21 dias e os preços, claro, variam com a quantidade de dias. Você pode compra-los facilmente em agências de turismo, onde vai receber um voucher e chegando no Japão pode trocar o voucher pelo passe em qualquer uma das lojas da JR. Os passes valem para toda a rede de trens JR, exceto os trens "balas" (ou Nozomi, superultramegarápidos). As redes incluem trens intercidades, metropolitanos, alguns ônibus de turismo nas cidades e alguns ferries. Mesmo ficando 15 dias no Japão, nós optamos pelo passe de 7 dias, que é metade do preço do de 14 dias. Nosso itinerário foi: Tokyo - Takayama - Shirakawa-go (que foi uma viagem a parte do passe) - Kyoto - Nara - Hiroshima.