5 de outubro de 2014

O Outback

Em Adelaide começamos a saga de chegar no Outback, e foi uma saga mesmo. Gastamos um bom tempo procurando a maneira mais barata de chegar até lá (a mais rápida seria de avião, mas estava fora do nosso orçamento).  Nossa primeira opção foi tentar uma relocação de campervans para lá. Para quem não sabe, aqui na Austrália é muito comum a relocação de veículos, por exemplo, você aluga uma campervan de Melbourne até Adelaide e depois pega um avião até Sydney, essa campervan tem que voltar a Melbourne, então ao invés de mandar um funcionário buscar a campervan eles anunciam para relocação, que acaba saindo muito barata (entre AU$ 1,00 e AU$5,00 – sim é isso mesmo que você está lendo!) e algumas vezes até ajudam com o combustível. Existem vários sites, como este aquiespecializados em relocações , o que precisa é ter uma certa flexibilidade de datas e chegar rápido ao destino (eles avisam quanto tempo você tem para a relocação). Infelizmente não tinha nada disponível para o período que queríamos. Nossa segunda opção foi tentar uma carona pelo Gumtree, mas também não tivemos sucesso. Terceira opção, alugar um carro, oferecer carona pra dividir os custos e deixar por lá. Já estávamos com tudo certo quando descobrimos que as companhias cobravam uma taxa entre AU$ 1000,00 e AU$ 5000,00 para entregar o carro em Alice Springs. Bom, só nos restou o busão como opção para chegar até o centro da Austrália! Nós já estávamos quase desistindo, mas qualquer opção de volta também ia ser muito conturbada, com isso resolvemos enfrentar as 20 horas de viagem e explorar o Outback. Lição número 1 para quem quer conhecer o Outback: é longe de tudo! Sendo longe é difícil chegar e, obviamente, caro! Então se você pretende visita-lo a dica é: programe-se com uma certa antecedência, os custos lá serão os mesmos, mas você pode economizar no traslado até lá (vai que aparece uma promoção de passagem aérea, ou mais pessoas pra dividir um carro/ motorhome, desde que vá e volte porque deixar lá é caríssimo!).

Voltando à nossa viagem, largamos um barbecue em Adelaide pra entrar no busão, que é bem inferior aos nossos do Brasil (sério mesmo, o Cometa dá de mil a zero no busão Australiano). E lá fomos nós, depois de 20 horas e 30 minutos de estrada, chegamos em Alice Springs, que fica no meio, literalmente, da Austrália. Só que Alice Springs não era nosso destino final. De lá ainda teríamos mais 5 horas de viagem até Ayers Rock (ou Yulara) onde fica a principal atração do Outback: o Uluru. Alugamos uma mini-camper (na verdade um carrinho que dá pra dormir dentro) e lá fomos nós. Nossa preocupação era chegar em Ayers Rock ainda com luz, porque não dá pra dirigir a noite pelas estradas Australianas, e não que elas sejam ruins, mas tem muito canguru pulando por elas e a chance de atropelar um é muito grande (atenção: os seguros não cobrem caso você atropele um canguru a noite). No final deu tudo certo, chegamos no nosso destino já no início da noite. Uma coisa muito engraçada é que Ayers Rock, ou Yulara é um complexo de hotéis de todo tipo. Existem acomodações de luxo, até campings e hostels, tudo num mesmo complexo, que ainda inclui um centrinho comercial. Nós ficamos no camping, num site sem energia (a gente ia dormir no carrinho mesmo), e mesmo sendo a acomodação mais barata no resort, ainda é mais cara que no resto da Austrália (pelo menos por onde andamos). O parque nacional onde está o Uluru é bem pertinho do resort e é o único pago na Austrália. O custo para três dias de visita é de AU$ 25,00 por pessoa. No primeiro dia fomos direto à grande atração, o Uluru. Realmente é uma coisa impressionante! Aquele monte de pedra (monolito) no meio do deserto, mudando de cor conforme a luz do dia é algo que parece mentira (conforme disse o Manu, "parece holográfico"). O Uluru é sagrado para os aborígenes, e percorrendo a trilha que circunda a pedra entendemos porque. Ali, os aborígenes conseguiam abrigo, alimento e água. Existem vários passeios e trilhas pelo parque, você pode passear de carro (existem várias estradas), ou caminhando ou ainda alugar uma bike. Nós fizemos o circuito completo de trilhas, caminhando mesmo! No total foram quase 20 km de caminhada (o maior problema é a quantidade de moscas, e elas são muito atrevidas), e como é começo da primavera a temperatura durante o dia não é tão alta (por volta dos 24o ao meio dia, e de madrugada uns 6o). No final do dia, paramos no mirante para ver o sol se por, na verdade, para ver o Uluru mudar de cor conforme o sol se põe. Mais um espetáculo! Fechamos bem o dia. No dia seguinte, levantamos bem cedinho para a outra experiência, ver o Uluru mudar de cor conforme o sola nasce. Infelizmente, o dia amanheceu nublado e não foi tão espetacular quanto imaginávamos, mas sem dúvida valeu a pena. Nesse dia fomos conhecer a outra atração do parque: Kata Tjuta, que significa “muitas cabeças”. Kata Tjuta fica mais ou menos a 40 km de Uluru e é um conjunto de formações rochosas. Ali também fizemos o circuito de trilhas e foi surpreendente! Talvez por não saber muito bem o que nos esperava, gostamos muito de Kata Tjuta. As formações e as trilhas que circundam as pedras são lindas, o lugar é realmente muito especial. É bem diferente de Uluru, e em se tratando de trilha é até mais interessante, com mais atrativos. Terminamos nossa trilha pelo meio do dia e resolvemos ir até o centro comercial do resort para ver o próximo passeio: Kings Canion. Bom, acabamos descobrindo que era bem mais longe do que imaginávamos, e acabou aparecendo uma campervan para relocação do jeito que a gente queria. Resultado: resolvemos ir para Alice Springs no dia seguinte e partir rumo a Cairns. E assim fizemos, saímos de Ayers Rock na primeira luz do sol (lembrando que não dá pra dirigir a noite por causa dos cangurus), para pegar a campervan em Alice Springs, fazer compras de supermercado e seguir nosso caminho. No total tínhamos 5 dias para percorrer 2.418 km, dirigindo entre o nascer e o por do sol. Saímos de Alice um pouco tarde, e nossa meta era percorrer, pelo menos, 500 km no primeiro dia. Acabamos fazendo 400 km (sem contar os 450 km entre Ayers Rock e Alice Springs), por um bom motivo. Sem querer chegamos à Devil's Marble no fim do dia e por lá acampamos. Devil's Marble são umas formações rochosas "misteriosas" e muito interessantes (a gente acha que é obra dos alienígenas do passado, hehehe!). Nós já tínhamos lido sobre este lugar aqui, mas não tínhamos feito a conexão e nem nos dado conta de que estávamos tão pertinho. Foi uma surpresa muito boa, além do lugar ser lindo, jantamos sob a luz das estrelas, dormimos no meio do deserto (no melhor estilo "wild", sem água e sem energia) e despertamos com o sol nascendo! Realmente algo inesquecível (talvez o fator surpresa tenha ajudado)! Mas nossos ventos estavam soprando rápido e seguimos nossa viagem rumo à costa. O Outback é muito interessante pela sua imensidão. Nos sentimos longe, mas longe de tudo (mais longe que Uruaçu!). É uma imensidão de nada, ou muito nada junto. Ao mesmo tempo é um nada que vai mudando de cara, uma hora com mais vegetação, outras com menos, árvores mais baixas, outras mais altas. Outra curiosidade, o deserto australiano não é um deserto de dunas e areia, pelo contrário tem até bastante vegetação, para ter uma ideia é algo entre o cerrado e a caatinga. Você anda por quilômetros e quilômetros de nada, sem cidades, sem pessoas, de vez em quando cruza com um treminhão (sim, eles são impressionantes). De vez em quando tem uma "cidade" no mapa e quando você chega, acaba descobrindo que era um posto de gasolina! Mesmo no meio do nada (ou da imensidão de nada) as pessoas são bem-humoradas. Vimos pelo caminho centenas de cupinzeiros vestidos com roupas, não sabemos a explicação, mas é engraçado. Depois de 3 dias de viagem chegamos ao nosso destino, a ensolarada Cairns. Cruzar o Outback foi puxado e caro (bem acima do nosso orçamento), mas sem dúvida foi uma experiência muito legal. Podemos dizer que conhecemos o fundo (ou centro) da Austrália, em toda sua imensidão! Depois de tanta secura, nosso ventos sopraram em direção ao mar, mais precisamente à Grande Barreira de Corais e lá fomos nós procurar o Nemo!

Começando a trilha pelo Uluru





Alienígenas do passado

Uluru mudando de cor




Por do sol

Nascer do sol (não foi o que a gente esperava, mas valeu a pena)

O nascer do sol em si foi lindo!!

Pode perguntar pro cara que tá tirando foto!

Começando a trilha em Kata Tjuta


Vale dos ventos










Devil's Marble



Nosso camping "roots"





Route 66 - atravessando a Austrália

Cupinzeiros com roupas (onde está o Wally?)


Parada para o almoço

Nascer do sol em Townsville - último dia de jornada!

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