12 de outubro de 2014

Nossa viagem não turística pela costa leste

Depois de maravilhosos dias no mar, era hora de voltar à terra! Conseguimos uma relocação de carro de Cairns para Sydney. Não foi exatamente o que a gente queria, melhor se fosse uma campervan, mas estava de bom tamanho. Nosso carro saiu por AU$ 1,00 por dia e tínhamos do dia 03 a 09/10 para percorrer os 2.600 km entre Cairns e Sydney. Lá fomos nós, pegar a estrada novamente. O caminho entre Cairns e Townsville lembra muito a Rio-Santos, engraçado porque até o cheiro é parecido. Aliás, existe uma ilha em frente a Cairns (Fitzroy Island) que é muito parecida com os arredores de Paraty. Mas voltando à nossa estrada, essa região é conhecida por ser o pólo de cana de açúcar da Austrália (mais uma coisa que nos lembrou São Paulo) e recebe muitos estrangeiros com visto de trabalho (work holliday). Como saímos um pouco tarde de Cairns acabamos rodando uns 500 km no primeiro dia e paramos numa cidade que recebe muitos estrangeiros para trabalhar nas lavouras de cana. Tanto que apelidamos nosso hostel de: o hostel dos bóia fria do primeiro mundo (em geral estudantes universitários, maioria europeus e alguns japoneses). Engraçado porque logo cedo a movimentação da galera saindo pro trabalho é intensa: corre pra tomar o café, prepara a marmita e corre pra van rumo ao trabalho. Tem até um mural, que parece lista de vestibular em cursinho, que a galera fica pesquisando as oportunidades de trabalho e o segundo visto. O hostel estava longe de ser o local onde gostaríamos de passar a noite, mas era o que tinha pro momento e foi engraçado ver o esquema de trabalho da galera. Algo que estamos aprendendo com a viagem é que nem sempre iremos passar noites em camas limpinhas e quartos silenciosos, muitas vezes ficamos felizes pelo simples fato de arrumar um local para passar a noite! O local adequado passa a ser o local que temos! Continuando nossa descida pela costa leste, passamos por umas das principais atrações desta costa: Whitsundays. Whitsundays é um conjunto de ilhas, que também faz parte da Grande Barreira de Corais e está entre os principais pontos turísticos da Austrália, mas como mencionei anteriormente nós apenas passamos por lá. Não que a visita não valha a pena, mas não dá pra fazer tudo numa viagem de um ano, e em um mês e meio de Austrália. Muita coisa vai ficar para próxima e o tempo todo vamos dosando o que iremos visitar. Aproveitamos o dia para andar o máximo possível e conseguimos um couchsurfing em Gladstone. É engraçado como as coisas vão acontecendo durante a viagem e uma surpresa muito agradável nos esperava por lá. Ficamos na casa do Mike, que está na região rural, e vivenciamos uma noite incrível, com direito a churrasco na fogueira e uma reunião de amigos! Podemos dizer que conhecemos a Austrália profunda! Foi algo bem particular e único, coisas que só o couchsurfing proporciona a você! E fomos em frente... Passamos pela Fraser Island, outro lugar paradisíaco e muito procurado na costa leste, e que mais uma vez vai ficar pra próxima. Nossa ideia era parar em Noosa, ficar por lá uns dois dias e seguir viagem. Noosa também faz parte do "must do" da costa leste, e seria nosso ponto turístico na descida. Chegamos lá na tarde de um domingo de feriadão, a cidade lotada, sem couchsurfing e sem hostel. Andamos um pouco, fomos até o parque nacional e sabe quando não é isso que você está procurando? Pois é, nos sentimos assim meio peixes fora d'água. Não digo que foi decepcionante, pelo contrário, o lugar é muito lindo, só não era o que procurávamos (além disso, não tínhamos onde dormir por lá). Resolvemos seguir em frente, e como já estava anoitecendo fomos para um hostel numa cidade vizinha. No dia seguinte, continuamos nossa viagem e paramos num lugar mais que especial. Conhecemos um casal super bacana no barco (na barreira de corais) que falou para entrarmos em contato quando estivéssemos passando pela cidade deles. Assim fizemos, entramos em contato com eles e seguimos para Crescent Head. Anne e Paul nos receberam com um jantar maravilhoso! Eles moram em uma ecovila, na zona rural de Crescent Heads. A casa foi construída por eles mesmos (achamos o máximo!) e eles são auto-suficientes em água e energia. O Paul trabalha com bio-combustível e a Anne  é professora, já morou no Brasil e fala português! Na propriedade deles tem pomar, horta, uma represa que eles construíram. Pela primeira vez na Austrália vimos cangurus como sempre imaginamos que fosse: no quintal de casa! Tinha um monte deles, de todos os tamanhos! Conhecemos um pouco da ecovila e da proposta de vida deles, e foi muito bom ver que eles vivem muitos dos conceitos em que nós acreditamos. Passamos dois dias muito gostosos por lá, e ficamos muito inspirados e felizes com tudo que vimos ali. Lá também fomos à praia, e foi do jeito que a gente gosta: deserta e sem nenhuma construção! A água estava um pouco fria, mas a Dri entrou assim mesmo (tem que carimbar, né?). E depois de dois dias incríveis, seguimos nossa viagem para Sydney (afinal a gente ainda tinha um carro pra devolver). Sem dúvida nenhuma foi uma descida não turística, deixamos muitos lugares lindos para uma outra oportunidade, mas o que vivemos nesses dias era exatamente o que buscávamos, aliás, foi muito mais do que imaginávamos! Os lugares pelos quais passamos e as pessoas que encontramos ali marcaram muito nossas vidas. Foram momentos que ficarão na nossa memória para sempre!
Com Mike em Gladstone

Vista de Noosa, conheceremos na próxima!

Ecovila em Crescent Head (aprendendo nomes de verduras em inglês!)

Cangurus!!!!

Sim, eles construíram essa casa! Não é demais?!

Pôr do sol num lugar mais que especial

Pose pra foto! Agora sim estamos na Austrália!

Breja na laje! Rooftop bar ecológico
(a cerveja também é produzida por eles, isso é que é ser auto-suficiente!)

No fundo a oficina de bio-diesel e placas fotovoltaicas 
(geração de energia) e de aquecimento solar de água

Anne e Paul: obrigado por compartilhar tanta coisa legal!
Adoramos a estadia!

Um comentário:

Bela Cascão disse...

Ehhhhh que legal.
É muito bom poder acompanhar vocês daqui. Nem parece que estamos longe.
Beijo carinhoso aos dois.