Vamos pra onde o vento nos levar!: 19 dias com Cheech and Chong

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Sei que vocês devem estar pensando: "Hã?! Como assim? 19 dias com Cheech and Chong?" Mas esse é o nome da nossa Campervan! Nós alugamos uma Campervan, que é um Motorhome menor, ou um carro feito para dormir dentro e fomos andar um pouquinho por Gales, Inglaterra e Escócia. Nosso roteiro foi definido em função dos jogos da Copa do Mundo de Rugby que iríamos assistir.

Nosso primeiro jogo foi em Cardiff, mas entre nossa saída de Londres e o jogo de Cardiff tínhamos 5 dias e aproveitamos esses meio tempo para conhecer um pedacinho do País de Gales.

Saímos de Londres em direção a Gales, passando pelo Stonehenge. O famoso "monumento" (ou o que quer que seja), fica bem próximo da estrada e é incrível como de repente você dá de cara com ele. O monumento está dentro de um parque, e o valor da entrada é de 19,00 libras. Mas para quem quer ver, tirar foto e gastar menos, existe uma alternativa! Como o monumento está muito próximo da estrada é possível parar o carro numas estradinhas próximas e ver dali e claro, essa foi nossa alternativa, hehehe!

Seguimos para Bath, uma cidade romana em plena Inglaterra! A cidade se chama Bath por causa dos banhos romanos e é conhecida, desde longa data, por suas águas e banhos curativos (uma Águas de Lindóia da Inglaterra, hahaha, brincadeira!). A cidade é bem bonitinha e vale a visita. A prefeitura oferece Free Walking Tours, mas infelizmente não conseguimos fazer.

De Bath seguimos para Gales e resolvemos explorar a Península de Grower, no sul do país. Para quem gosta de caminhadas a península é um prato cheio. Existem várias trilhas disponíveis, todas cercadas por uma paisagem linda e todas gratuitas. Praias, penhascos, ovelhas e gado se misturam na paisagem. Nós passamos duas noites em campings próximos da praia, uma noite na vila de Oxwich e a segunda em Middleton. O destaque da região é a praia de Rhossili que, segundo o Lonely Planet, está entre as 10 mais bonitas do mundo. Nós fomos lá para conferir e a praia é muito bonita mesmo, acho difícil dizer se está entre as 10 mais bonitas porque é injusto comparar belezas naturais. Um lugar maravilho para caminhar, mas não dá pra encarar um pulinho no mar, a água é gelada!

Seguimos para Cardiff, onde passamos duas noites e vimos nosso segundo jogo da copa. Nós ficamos num camping afastado do centro da cidade, mas uma ótima dica para quem visita cidades do Reino Unido é utilizar os estacionamentos "Park & ride". São estacionamentos localizados fora do centro, onde você paga por carro e tem ônibus para o centro da cidade. Além de poupar toda a dor de cabeça de procurar vaga e ficar circulando de carro, ainda é um ótimo custo benefício. Para se ter uma ideia, nós pagamos 3 libras pelo carro para o dia inteiro, é mais barato que só a passagem de ônibus para nós dois. Nosso jogo foi no sábado no final do dia e aproveitamos o sol (sim, ele existe no Reino Unido) para conhecer um pouco da cidade. O centro é bem legal, várias ruas para pedestres e claro que o clima da copa fez com que a cidade ficasse ainda mais interessante. A principal atração é o Castelo de Cardiff, mas nós só visitamos por fora. Nós passamos o dia passeando pela cidade e aproveitando a festa pré-jogo. O jogo foi Nova Zelândia x Geórgia, e para quem não sabe, a Nova Zelândia é o melhor time do mundo e assistir um jogo deles é sempre um espetáculo!

De Cardiff voltamos para a Inglaterra e paramos na cidade de Leicester (descobrimos que se pronuncia Lester). Passamos pelo centro da cidade, mas não nos pareceu muito atrativo, então seguimos em busca de um camping para passar a noite. Seguimos a rota indicada pelo Google Maps mas demos de cara com um condomínio de trailers. “Ok, vamos tentar encontrar outro lugar”. Mais um vez encontramos outro condomínio de trailers e pelo jeito nenhum camping na região. E aí? O que fazer? Nessas horas o melhor é respirar fundo, parar em algum lugar para comer (e para utilizer o wifi) e procurar outra solução. Assim fizemos, procuramos o pub mais próximo, que (teoricamente) tinha wifi, assistimos um jogo e tentamos achar algum sinal de internet par nos ajudar. O pub era bem típico do interior, daqueles que são frequentados pelas mesmas pessoas, com as mesmas histórias. Todos se conhecem e só nós dois éramos estranhos no ninho. O wifi não estava funcionando, e quando pedimos ajuda para encontrar um camping o dono do pub nos ofereceu o estacionamento, com direito a utilizar instalações do pub. Um dos frequentadores do pub nos contou que morava em cima e que também poderíamos utilizar a casa dele caso quiséssemos. Nisso a nossa campervan (com os desenhos do Cheech & Chong) já era o sucesso do bairro. Nesse momento também já éramos conhecidos no pub (e no bairro) como os brasileiros que gostam de rugby. Ganhamos um cachecol da copa, assinado pela galera do pub para não esquecermos deles. Fizemos amizade com o Paul, que nos convidou tanto para assistir o jogo da Inglaterra x Austrália, quanto para assistir o jogo do filho dele no dia seguinte num clube de rugby local! E assim, dormimos no estacionamento do pub e fizemos amigos locais!

No dia seguinte fomos até o clube assistir o jogo do filho do Paul, que nos presenteou com um par de meias e um cachecol do clube. Como nosso jogo era no meio da tarde só assistimos o primeiro tempo, e mesmo com pouco tempo foi uma experiência bacana, bem típica!

Assistimos Argentina x Tonga, e pode parecer inacreditável para quem não é do rugby mas nós torcemos pelos Pumas (que é o apelido do time da Argentina). O jogo foi muito divertido, os argentinos vibrando e cantando o tempo todo, de quebra ainda contamos com a presença ilustre de Maradona! Saímos do jogo e seguimos para a cidade onde o rugby nasceu, que não podia ter outro nome senão Rugby!

Para contar um pouquinho da história do esporte, o rugby e o footbal têm a mesma origem. Na verdade o rugby se desenvolveu a partir do estilo de footbal jogado na escola da cidade de Rugby (resumindo beeeem a história, se quiser saber um pouco mais recomendamos este vídeo aqui). Tanto é que muitos times são Rugby Footbal Club. Diz a lenda que em 1823 um aluno da escola de Rugby, conhecido como Webb Ellis (que empresta o nome à taça da Copa do Mundo), durante uma partida de footbal pegou a bola com as mãos. Como resposta, os alunos do time adversário tentaram derruba-lo enquanto ele corria pelo campo, surgindo assim o rugby (poderíamos dizer que foram os primeiros “tackles” da história). A cidade é bem bonitinha! Pequenina, mas muito organizada e simpática. A escola, onde tudo começou, é muito legal e existem várias visitas guiadas. Também tem um museu do rugby e a estátua do nosso amigo Webb Ellis. Um dia de visita é suficiente para conhecer a cidade e para os amantes do esporte vale muito a pena!

Nosso quarto jogo aconteceu na cidade de Milton Keynes. A cidade é bem recente, data dos anos 60, e foi a última cidade planejada na Inglaterra. Para arquitetos e urbanistas, a cidade é um pouco curiosa. Um traçado urbanístico que separa as áreas residenciais, das áreas de comércio e serviço, com muita área verde entre elas. A impressão que tivemos é que você nunca chega na cidade em si, o centro é um grande shopping e as áreas residenciais estão bem afastadas. Não há dúvidas que a cidade é bem verde, mas é um tanto quanto estranha. Assistimos Uruguai x Fiji, e apesar da nossa torcida nossos vecinos não conseguiram vencer, mas mostraram um bom jogo!

Partimos em direção ao norte, nossa ideia era ir direto para a Escócia, mas resolvemos parar um pouquinho antes da fronteira, mais precisamente no limite norte do Império Romano. É isso mesmo que você leu: Império Romano! Os caras chegaram até aqui! Entre os anos 122 e 128 D.C. a mando do imperador Adriano, os romanos construíram uma muralha que determinava o limite norte do império. Tudo ao norte da muralha era selvagem e desconhecido (semelhanças com Game of Thrones não é mera coincidência). A muralha vai de uma ponta a outra da Inglaterra, com uma extensão de 73 milhas (aproximadamente 117 km). Nós começamos pelo lado oeste, na cidade de Carlisle e percorremos toda extensão até a cidade de Newcastle, na costa leste. É um passeio muito bonito, uma paisagem incrível! O que existe hoje são trechos da muralha e de suas torres de observação e castelos. Todo o percurso é muito bem sinalizado, com muitas atrações no meio do caminho. Os museus são pagos, mas para ver a muralha em si é gratuito. Para quem estiver com pique, uma ótima opção é fazer de bicicleta! As rotas e trilhas são bem estruturadas e o caminho é maravilhoso! Muitas pessoas fazem à pé também, mas nosso tempo era curto e nos restou percorrer de carro mesmo.

Seguimos em direção a Edimburgo, mas resolvemos acampar no caminho. Por acaso paramos num camping próximo à vila de Bamburgh, onde está situado o castelo com mesmo nome e que é o castelo do protagonista de uma série de livros que o Manu está lendo (Crônicas Saxônicas). Coincidências à parte, a vila é linda e o castelo espetacular! O castelo tem vista para o mar e a praia de Bamburgh é muito bonita, e para nós o conjunto castelo medieval + praia é uma combinação totalmente inusitada!

Chegamos em Edimburgo no final do dia e ficamos num camping um pouco afastado do centro, cerca de 6 km, mas como a cidade não é tão grande assim ficamos praticamente na zona rural! O bairro era super tranquilo, cercado por montanhas e fazendas. No dia em que chegamos não fomos até o centro, até procuramos um pub próximo do camping, mas não encontramos muito o que fazer. No dia seguinte fomos até o centro, fizemos um free walking tour com um guia excelente! A cidade é muito legal, cheia de histórias e fantasmas. O centro não é tão grande e o melhor jeito de explorá-lo é à pé (mesmo com as ladeiras). As gaitas de fole fazem o som ambiente e as milhares de lojinhas de kilt colorem o cinza da cidade. Ao andar por Edimburgo realmente se sente na Escócia! A cidade tem um quê melancólico e é fácil entender porque vários escritores se inspiraram ali para compor suas histórias. Nós também fizemos um free ghost tour à noite, que foi mais engraçado que assustador (a cidade tem muitos fantasmas!).

Depois de atravessar o portal da Escócia seguimos em direção às Highlands e nossa primeira parada foi o Lago Ness. Procuramos muito mas o monstro não apareceu (o Nessie, para os íntimos, é tímido pelo jeito). Bom, ele pode até não ter aparecido fisicamente, mas tudo próximo ao lago faz referência ao monstro! O lago é bem bonito e comprido, parece mais um rio que um lago. A região também é ótima para trilhas, mas nosso tempo estava curto. Nós dormimos na ponta norte do lago, na cidade de Inverness (a capital das Highlands). De lá seguimos para o oeste, passando um pouquinho pelo norte e descemos um pedaço da costa oeste até a ilha de Skye. A paisagem é maravilhosa! Definitivamente, as Highlands não deixam a desejar. A ilha de Skye também é incrível, daqueles lugares que você quer parar a cada 5 minutos para fotografar porque a paisagem é linda. Exploramos a ilha em um dia, mas sem dúvida ficaríamos bem mais.

Saímos de Skye em direção ao sul, dois dias de viagem até Londres. Infelizmente, nossos dias com Cheech & Chong chegaram ao fim, mas Londres ainda promete muito, com visita de grandes amigos e as quartas de final da Copa do Mundo de Rugby.