8 de novembro de 2014

Delhi e nossas primeiras impressões sobre a Índia

Dizem que a primeira impressão é a que fica. No caso da Índia, você tem que passar por cima da primeira impressão e se dar um tempo de adaptação, um tempo para digerir todas as informações. Porque se você ficar somente com a primeira impressão você não vai gostar da Índia, seus dias aqui serão insuportáveis. Chegamos aqui vindo do Japão, e daí pode-se imaginar o tamanho do choque cultural. Enquanto o Japão é silencioso e organizado, a Índia é barulhenta, muito barulhenta, e desorganizada. Não sei se existe um contraste tão grande entre dois países como no caso da Índia e do Japão. Saímos do aeroporto de Delhi num táxi que ia nos levar até nosso hotel. O táxi já estava pré-agendado com nosso hotel, o que nos pouparia o trabalho de não cair em um golpe logo de cara. O caminho do aeroporto até o hotel demorou 50 minutos, num carro caindo aos pedaços, em meio a buzinas, carros vindo na contramão, gente atravessando a rua, tuk-tuk, enfim o caos propriamente dito! Mas chegamos, ufa! Nosso hotel estava situado no Main Bazar, numa área bem localizada em Delhi, próxima da principal estação de trem e do metrô. Você deve estar imaginando que o Main Bazar é como esses que a gente vê nas novelas, certo?! Na verdade, o de Delhi é como uma 25 de Março, mais suja e mais caótica e nosso hotel ficava num beco, tipo no meio da favela mesmo! No beco tinha muita sujeira, muito fedido, tinha até um mictório público (detalhe: aberto, e sem sistema de coleta de esgoto. Fica tudo na rua mesmo!), no meio disso gente com barraquinhas de comida, lojinhas, vacas, cachorros e um montão de gente indo e vindo. Para muitos essa pode ser uma descrição de um dos infernos de Dante, e tenho certeza que muita gente ia olhar a cena e entrar no primeiro tuk-tuk de volta pro aeroporto pra pegar o primeiro avião pra beeem longe daqui. Mas como falamos no começo, passe por cima da primeira impressão, e tente absorver a Índia aos poucos. Ao mesmo tempo que a cena é feia, não nos sentimos inseguros. Mas deve-se sim ficar atento porque tem muita gente querendo passar a perna em você. É só não dar muita atenção às pessoas muito solícitas que querem te ajudar, principalmente a comprar passagens, indicar agências de turismo. Desconfie e não dê atenção. Outro golpe típico é assim: você chega na estação de trem, o fulano pede para ver sua passagem e fala que seu trem foi cancelado, daí ele te indica o “escritório” para você trocar sua passagem. Mais uma vez, ignore e vá atrás do seu trem “cancelado”. Na estação de trem existe um escritório do governo só para atender os turistas, e caso queira comprar passagem ou pedir alguma informação siga direto até ele e não ouça ninguém. O engraçado é que se você ignora os golpistas eles também não ficam insistindo, porque percebem que você está preparado e acabam indo atrás de algum turista desinformado. Às vezes você fica meio cansado de desconfiar de todos, mas o importante é não deixar isso estragar sua viagem, e acredite a Índia é muito mais que os golpistas. Tente quebrar essa primeira barreira e foque nos motivos que te trouxeram até aqui.
Ainda meio zonzos da vinda desde o aeroporto, de todo o barulho e bagunça (lembrem que estávamos no Japão), respiramos fundo, deixamos nossas coisas no hotel e fomos jantar. A noite foi meio barulhenta, parece que os indianos não dormem, então se você não consegue dormir com barulho traga protetores auriculares. No outro dia saímos para explorar um pouco da cidade. No café da manhã, conhecemos um casal de americanos que nos deu uma dica boa: comprar o passe de metrô para um dia (procure o “tourist care” na estação de metrô). O passe custa 200,00 rúpias por pessoa e se você devolve o cartão no final eles te reembolsam 50,00 rúpias (no final você paga 150,00 rúpias). Nós fomos em dois templos: o Akshar Dham Temple, indicação que tivemos no hotel, e no Lotus Temple. O Akshar Dham Temple é muito bonito, a entrada é gratuita (existem umas exposições pagas, mas se você não quiser pode andar por tudo de graça). Infelizmente, não pode entrar com câmera então não temos nenhuma foto dele. O Lotus Temple é muito bonito também. O prédio é em forma de uma flor de lótus e é um templo ecumênico e assim como no Akshar Dham Temple, a entrada é gratuita.

Nossa primeira passagem por Delhi foi bem rapidinha, no dia seguinte seguimos viagem para Rishikesh, no norte da Índia. E sim, nossas primeiras impressões foram: caos, sujeira, barulho, pobreza, muitas pessoas, muitas vacas, muito fedor... O engraçado é que apesar de tudo isso, nós não sentimos vontade de sair imediatamente daqui, mas chegamos à conclusão que ia ser muito interessante, e que ainda tínhamos muito o que vivenciar aqui. Só precisávamos de um tempo para nos situarmos. Uma coisa é certa, a Índia não é para qualquer um. Ela é intensa, é barulhenta, é caótica, é suja, muito suja, mas sem dúvida nenhuma é um lugar único no mundo, diferente e tudo que você já tenha visto! E mais uma vez, se você escolheu vir para a Índia algum motivo você tem, então foque no que te trouxe até aqui. Ver tanta miséria, tanta sujeira, tanta confusão, tantos golpes é difícil, mas esteja preparado e dê atenção ao que você está buscando em sua jornada.

Main Bazar. Nosso beco é entre o Citibank (na verdade tem 
uma barraquinha de frango frito) e a outra "lujinha"

Lotus Temple

No shoes

No shoes mesmo!

Hum, será que conseguiremos recuperar nossos tênis??


Um comentário:

Anônimo disse...

Oh I can feel with you :D

Japan - Delhi is very similar (I guess) to Switzerland - Delhi...

WE WERE SHOCKED!!!!

Manu, eat some Chicken Tikka Masala for me! I want to see a picture and your comment ;-)

ciao ciao

Luca & Hülya