2 de novembro de 2014

Pagando as contas: Japão

“Japão?! Caríssimo!”
“Sério?! Vocês vão ao Japão? Mas a viagem não era para ser econômica?!”
“Com o dinheiro da viajem ao Japão, eu iria para a Europa...”

Uma dessas, ou algo próximo a isso que qualquer um pensa quando se fala em viajar a Japão, certo? Pois é... Não podia ser mais errado... E o que fizemos por aqui acabou por comprovar que a imagem que tínhamos, nada mais é que uma dessas lendas que habitam o mundo dos viajantes.

O Japão está longe de ser caro. Na verdade, é bem mais barato do que muitos dos destinos mais populares da Europa. Os custos de se viajar pelo Japão, acredito que sejam próximos dos custos das capitais mais baratas da Europa ocidental, como Portugal e Grécia. O caro do Japão é a passagem de avião e as passagens de trens entre as cidades. Caso se consiga resolver estes dois itens, a viagem vai sim caber no bolso. No nosso caso, a passagem de avião estava incluída na nossa passagem de volta ao mundo pela OneWorld (sem impacto no preço final, uma vez que este é definido segundo critérios que se baseiam apenas e unicamente no número de paradas e nos continentes visitados), e para as passagens de trens, compramos o já famoso, e sempre citado nos sites e blogs que tratam do assunto, JR Pass para 7 dias (semelhante aos passes existentes na Europa, e ao custo de US$ 283,00 cada).

Nossa previsão de gastos era de US$ 135,00/ dia, no entanto acabamos gastando apenas US$ 103,12/ dia. Tudo isso passando por menos perrengue e fazendo menos couchsurfing do que gostaríamos e menos do que fizemos na Austrália. Seguimos o pessoal local (escolhíamos os locais pelo tamanho da fila, ou pela quantidade de gente dentro do restaurante. Quanto mais gente,  geralmente é mais barato), e experimentamos de tudo o que podíamos comer - principalmente essas coisas “flitas” de barraquinha de rua, que nós adoramos - nos demos ao luxo de ficar uma noite em um Ryokan, cujo preço era bem acima da nossa expectativa média de gastos com hospedagem, e ao utilizar serviços do airbnb, que é um meio termo entre os serviços de hostel e hotel propriamente dito, não precisamos ficar em hostels, dividindo o quarto com estranhos. Em resumo, tivemos uma estadia de reis para um padrão backpacker.

No gráfico abaixo, é possível ver com o que gastamos nossos sagrados ienes (Iene, você não vale nada mas eu gosto de você):



Enquanto na Austrália, o transporte acabou sendo o item que mais pesou no orçamento, aqui no Japão acabou por ser a hospedagem o maior “vilão”, representando pouco mais que 36% do orçamento. Vilão entre aspas por que esse é um dado apenas percentual, e como dito acima, devido aos custos menores que o esperado, nos demos o direito a alguns luxos (repare que para a nossa viajem ter um quarto só para nós pode ser considerado luxo às vezes). Em segundo lugar, foi a alimentação com quase 33% do orçamento. E não é por menos, pois comemos de tudo mesmo – comemos até sushi por 2 vezes, que contrário ao que alguns possam imaginar, também é bem carinho por estes lados. Enquanto na Austrália, nós mesmos cozinhávamos, e via de regra almoçávamos um sanduiche “home made”, aqui no Japão só cozinhamos uma vez, e foi para fazer uma feijoada para a Saori que nos hospedou pelo couchsurfing em Tokyo. Nos demais dias, almoçamos e jantamos sempre em restaurantes (sim! Restaurantes 2 vezes ao dia!!!!) e sempre tomávamos um cafezinho nos inúmeros 7-eleven que existem por aqui. Nos sentimos como se estivéssemos esbanjando, e rolava até um sentimento de culpa de vez em quando.

Os custos de transporte, responsáveis por pouco mais que 16% dos gastos, não incluem os custos com o JR Pass, pois como não fizemos (ainda) uma planilha de apropriação de gastos por país, este custo, dentro do nosso fluxo de caixa está entre as despesas que fizemos antes de embarcar. Em uma simulação incluindo o JR Pass, feita no papel de padaria (sim o Manu é especialista em conta de padaria...) o item transporte passaria a representar aproximadamente 37% dos custos.

Aí você pergunta: Mas QUANTO?! Esse tanto de porcentagem se refere a quanto dinheiro?! Calma... Não estamos aqui para esconder nada de você. No gráfico abaixo você pode ver a comparação entre as linhas de gastos acumulados, em vermelho e realizados, em azul.

Nossos números (previsto vs. realizado)

Nossa previsão era de gastar US$ 2.160,00 no total dos 16 dias por aqui, mas conforme dito no início, conseguimos uma boa margem em relação a esta previsão, com um gasto total de US$ 1.628,16!!!! O nos dá uma economia de 24,62% . Vale lembrar que o gráfico representa um recorte do gráfico geral da viagem, por isso, este se inicia com gastos já realizados de US$ 20.000,00, que foi o que já gastamos durante os preparativos da viagem e na Austrália (único país visitado antes do Japão).

A nossa margem entre o previsto e o realizado, referente à viagem como um todo refletiu essa economia ainda maior do que a realizada anteriormente, apresentando um aumento da taxa percentual próxima a 1,30%. Veja abaixo, que a linha representativa dessa margem sofreu algumas variações que podem ser explicadas pelo próximo gráfico, que representa os nossos gastos diários, frente à média diária prevista.

E a nossa folga no orçamento continua a crescer

Acompanhamento diário das nossas despesas

No início de nossos dias no Japão, nossa margem global entre o previsto e o realizado estava em 10,24%, e após o Japão, essa margem já é de 11,50% referente ao previsto inicialmente. Há quem diga que se continuarmos assim, vamos terminar a viagem com lucro...

Nossos próximos passos já não devem apresentar variações tão bruscas nos gráficos, pois passaremos os próximos 4 a 5 meses em países notadamente mais baratos. Acreditamos que por mais que economizemos nesses países, o fato de os valores serem menores, quando confrontados com o budget geral da viagem, os seus impactos não serão tão sentidos. O que queremos dizer é que até então, com os gastos de Austrália e Japão, estávamos lidando com itens “A” da nossa curva ABC, e que nos próximos meses, passaremos a lidar com os itens “C dessa mesma curva. No meio do caminho teremos exceções, como Cingapura, Kuala Lumpur e Hong Kong, mas mesmo assim, nosso planejamento considera estadias curtas nesses locais exatamente em função dos alto custos.


Esperemos para ver como as contas se comportarão daqui em diante. Que os ventos soprem, mas que soprem para longe do nosso bolso!

Um comentário:

Unknown disse...

Vou contratá-los pra organizar uma pra mim...
Parabéns ao casal pela organização financeira!!