26 de novembro de 2014

Pagando as contas: Índia

Como colocamos em nossos posts referentes à Índia, manter qualquer coisa em ordem na Índia é um grande desafio, e acreditamos que nossas contas não tenham passado sem maiores consequências.  Mas estamos aqui para mostrar essas e outras dificuldades e também fazer as devidas ponderações quanto a cada caso. Então vamos a isto:
Nosso budget total previsto para a Índia era de US$562,00, mas tivemos um gasto total realizado de US$996,45. Um gasto 77,30% acima do previsto!!! Terrível não?! Pois é... Mas nossas contas não são como a Índia, e portanto, temos controle total sobre elas. Assim vamos às explicações de como chegamos a estes números.

A linha de gastos realizados (azul),
perigosamente se aproxima do planejado (vermelho)

Nossa previsão era de que gastaríamos uma média de US$41,00/dia na maioria dos dias, e US$10,00/dia em Rishkesh quando ficamos no Ashram (veja o post sobre Rishkesh para entender o que se passou). Com isso, nossa média diária prevista para a Índia era de US$29,59, mas acabamos com uma média de US$52,44.

Nossos gastos dia a dia
(entre os dias 03 e 10, estão as contas de Rishkesh,
com a "doação" dos 7 dias feita no dia 03)

Caso tivéssemos considerado os mesmos US$41,00/dia para os dias em Rishkesh, os nossos gastos teriam ultrapassado as previsões em 27,91% e nossas contas já estariam “bem menos pior” certo? Aparentemente nossas previsões eram ousadas demais, certo? Não responda ainda, pois ainda existem mais dois pontos importantes e que impactaram muito as nossas contas.

 Margem entre planejado e realizado despencou 2 pontos percentuais
Considerando a margem de erro, podemos ter ganhado na mega-sena

Durante nossa passagem pela Índia, pagamos por 4 passagens aéreas futuras (2 passagens para cada um de nós) a saber: Um trecho de Kathmandu no Nepal para Delhi na Índia, e outro trecho entre Cingapura e Jakarta, na Indonésia. Esses dois trechos nos custaram respectivamente US$189,36, e US$150,99, num total de US$340,35. O primeiro trecho foi comprado por razões de segurança, simplesmente. Nosso próximo voo da viagem de volta ao mundo, já adquirida junto à aliança One World, sai de Delhi em direção a Kuala Lumpur, portanto depois do Nepal ainda temos de voltar a Delhi, e pretendíamos faze-lo por terra pois sairia mais em conta, mas depois de percorrer a Índia, vimos que os meios de transporte podem ser ainda menos confiáveis do que esperávamos (falamos aqui em termos de risco à vida no caso de ônibus ou vans, e de cumprimento de horários para os casos dos trens), o que nos fez decidir gastar parte das nossas economias feitas anteriormente nas passagens de avião, pois era para isso que havíamos economizado na Austrália e no Japão. Já o segundo trecho, foi a forma que escolhemos para ir de Cingapura para a Índonésia, e é um custo inevitável, e que diz respeito a trechos de viagem futuros, mas que por este ser apenas um controle de fluxo de caixa, acabou por incidir junto aos dia em que estávamos na Índia.

A alta representatividade dos transportes,
refletem as compras das passagens aéreas


Assim, caso subtraíssemos os gastos com as passagens aéreas das contas da Índia, chegaríamos a um total de US$656,10 (ou US$34,53 por dia), já mais próximos de nossa previsão inicial mas ainda com gastos 16,74% superiores a estes. No entanto, se comparado a uma previsão mais conservadora de US$41,00 por dia mesmo para os dias no ashram em Rishkesh, o que já é um orçamento pra lá de baixo mesmo entre os mochileiros, estaríamos falando de uma economia da ordem de 15,78%!!!!
Nessas horas, nos lembramos muito do que já vimos no nosso meio profissional (e aparentemente, agora político também). Quando as contas não batem com o previsto, ou se tornam piores, muitos acabam mexendo no planejamento para que as contas não fiquem parecendo tão ruins, deixando estas mais fáceis de serem justificadas. Não faremos isto, que em nossa opinião é uma das piores práticas adotadas em nosso mercado no Brasil. Em vez disso, manteremos fixa a nossa linha base de gastos planejada e manteremos registradas as justificativas para o desempenho alcançado. Simples assim (alguns dirão: “simples por que no seu caso você é o seu próprio cliente” mas essa é a forma correta de se controlar suas contas, gostemos ou não).
Veja como ficariam mais bonitos os mesmos gráficos, utilizado a prática comum no mercado da construção civil, e também no planalto central, desconsiderando as passagens aéreas e considerando um  gasto de US$41,00/ dia em Rishkesh:

Nossos gastos acumulada estariam paralelos ao planejado

Gastos diários sem os picos representados pela compras das passagens aéreas,
e a linha do planejamento uniforme em US$41,00/ dia

Nossa margem estaria praticamente estabilizada, com levem ganho de 0,13%

Os gastos com hospedagem e alimentação seriam mais representativos que o transporte

Vale ainda apontarmos outro item menos impactante, mas que gostaríamos de ressaltar. Diz respeito às práticas de Couchsurfing na Índia. Nós já não considerávamos esta uma opção de hospedagem para a Índia, mas ao fazermos algumas tentativas para ver o que aconteceria, nos deparamos com uma situação diferente do que temos tido no restante do mundo. Todos os usuários de Couchsurfing da Índia, dos quais recebemos convites, tinham “entre-linhas”. Todos, sem exceção, apresentavam-se como interessados em conhecer pessoas de outros países e partilhar experiências e que nos levariam a certos pontos turísticos, e parques, etc. Até aí, nada demais. É o que se espera de um couchsurfer. No entanto, quando se falava sobre hospedagem, o assunto mudava. Ninguém poderia nos receber em casa, mas poderíamos ficar num hotel, próximo que em geral dizem ser de um familiar (coisa da qual duvido muito), e você teria que pagar por isso. Enfim... É GOLPE. Não caia nessa. Escolha o seu hotel, e faça por sua conta. O que acontece é que esse pessoal vai te levar em lugares que lhes pagarão uma porcentagem daquilo que você consumir, e o hotel entra no pacote sem você saber. Faça as coisas por sua conta. Não conte com a ajuda de terceiros. Infelizmente. O Couchsurfing assim como outros instrumentos de interação social (como uma conversa no bar, por exemplo) estão completamente deturpados na Índia, e tudo tem um só fim: levar um pouco do seu suado dinheirinho sem que você se dê conta.

Ainda se tratando de dinheiro, devemos destacar a questão dos tuk tuks. Isto mereceria um post exclusivo, mas para economizar vai neste mesmo. Na Índia, você perceberá que qualquer frase é sempre precedida pelas perguntas: “Tuk tuk? Very cheap! Where do you wanna go?!” Todas na sequencia, em sem pausa para respiração. A oferta de tuk tuks na Índia é imensa, e isso é nítido nas ruas. Os motoristas se acotovelam em cada espaço público a procura de uma corrida. Portanto, se podemos dar uma dica, é que faça esse excesso de oferta trabalhar para você. Na Índia nada tem preço certo, e tudo depende de negociação. E os tuk tuks são aparentemente o mercado mais concorrido da Índia. Negocie, barganhe até o motorista ficar completamente contrariado, e se dizer insultado pelo preço que você oferece. Quando ele estiver quase concordando, vire as costas e pergunte a outro motorista, se pode lhe levar pelo preço que você estava negociando. É cansativo, mas divertido, e às vezes os motoristas saem na mão disputando a sua corrida. Enfim... As coisas na Índia são assim. Uma relação de preço que encontramos para balizar nossas negociações era de 10 rúpias por km. Já é um bom preço, se conseguíamos menos que isso, melhor para nós...

Um comentário:

Unknown disse...

Vi que o casal está antenado com a política no Brasil, bom que dá menos saudade rsrsrs
Agora vão lavar uns pratos aí pra repor o extra hein!!!!
abs