20 de fevereiro de 2015

O outro lado do Camboja

Saímos de Siem Reap e fomos para Phnom Pehn, mas só de passagem, nosso destino mesmo era uma vila a uma hora de Phnom Pehn chamada Pang Sei. Fomos até lá por um motivo muito especial: trabalhar como voluntários numa escola que também acolhe crianças órfãs. Recebemos um convite do Mr. Kim, através do Couchsurfing, para conhecer a CPOC (Caring for Poor and Orphanade Children) uma ONG que cuida de crianças órfãs, mas que também promove aulas de inglês e informática gratuitas para as crianças de toda comunidade. A princípio, nossa ideia era passar uma semana com eles, mas tivemos que atrasar nossa ida para tirar o visto pra China. Acabamos ficando apenas 4 dias, foi bem menos do que gostaríamos mas valeu muito a pena. 
Aqui conhecemos o verdadeiro Camboja. A maior parte da população do país vive na zona rural e as vilas são muito pobres e Pang Sei não é diferente. As casas são muito simples a maioria de madeira, não existe tratamento de esgoto e água encanada é coisa rara. Tampouco as ruas são asfaltadas, apenas a estrada que corta a vila, mesmo assim o asfalto é muito ruim. Em compensação as pessoas, principalmente as crianças, são muito simpáticas. Por onde você passa, os sorrisos te perseguem! As crianças sempre acenam e dizem: "hello, what's your name?". E basta um aceno, uma brincadeira, um "hello" para arrancar mais sorrisos! Aqui também testemunhamos a dura realidade de quem trabalha nas fábricas da região. De manhã bem cedinho, e no final do dia você vê os caminhões passando lotados de pessoas, principalmente mulheres. As condições do transporte são subumanas, (para se ter uma ideia, trem lotado no horário de pico em SP é vazio perto desses caminhões) e essas pessoas têm jornadas de trabalho de mais ou menos 12 horas e ganham apenas US$ 1,00 por dia. Sabe aquela blusa de marca famosa que tem escrita na etiqueta: "Made in Cambodia", pois é essas roupas são fabricadas em países que as leis trabalhistas não são rigorosas, os funcionários ganham quase nada e as condições de transporte (e trabalho) a que são submetidos são desumanas. É chocante! É a realidade!
A escola (CPOC) é muito simples, mas cheia de sorrisos de crianças incríveis e cheia de voluntários dispostos a ajudar. O Mr. Kim é quem cuida do lugar, em 2012 ele fundou a CPOC. Hoje a escola abriga 7 crianças residentes (algumas delas têm família, mas os pais moram em Phnom Pehn) e mais as da comunidade que participam das aulas de inglês e informática. As crianças têm uma rotina puxada: acordam muito cedo (por volta das 5:00 da manhã) para ir a escola, ajudam na cozinha da escola, e mais outros trabalhos por ali. O mais interessante é que elas não têm preguiça de ir a escola e não perdem, nem se atrasam para as aulas. Mesmo com toda falta de recurso e dificuldade de acesso (não existe um transporte escolar, as crianças vão a pé ou de bicicleta) elas prezam pelo ensino. 
Na CPOC, os trabalhos para voluntários são os mais diversos: você pode dar aulas de inglês, informática, ajudar na horta, pintura, limpeza, etc... O esquema não é muito organizado e você pode ajudar no que quiser. Nós ficamos um pouco perdidos no começo, mas acabamos ajudando no projeto de uma nova sede para a escola. Quando chegamos, duas arquitetas já tinham feito o projeto e nós acabamos complementando com algumas ideias e mais uma ajuda com a planilha de custos de materiais. Muitas vezes o que as crianças precisam mesmo é de carinho e atenção, então só de passar esses dias com elas, brincando, fazendo curativo em machucados, abraçando, já fizemos alguma coisa, por menor que pareça.
A convivência com os voluntários também foi muito bacana, gente de todo mundo, com um coração grande e disposição para ajudar! Esse tipo de coisa nos faz ter fé na humanidade!
Foram só 4 dias, mas sem dúvida lembraremos para sempre a experiência vivida. Viemos para CPOC dispostos a ajudar e a fazer o que fosse preciso, e no final das contas nós que recebemos. Recebemos sorrisos, amizades, carinho, afeto. Vimos de perto a realidade dura dessas crianças que nunca se queixam de nada e que estão sempre a sorrir. Conhecemos o Camboja como ele realmente é!


Aula de inglês




Sala de informática

Entrada da escola

Quadro dos voluntários (nós esquecemos de assinar :(! )



Almoço 







Transporte das mulheres que trabalham nas fábricas

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